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Dicas de leitura

Aproveitando o contexto de reflexão que pretendemos despertar nesse mês de novembro com relação ao racismo e as condições do negro da sociedade, escolhi esse livro de Maya Angelou, que apesar de denso, aborda questões atuais e necessárias.



“Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”. Só poderia ser esse mesmo o título de um livro que conta a história de uma menina, Maya Angelou, passando da sua infância para a vida adulta, tendo que enfrentar o medo, o preconceito, a insegurança e sentir o que é ser prisioneira da sociedade em busca da liberdade constante. Margueritte e seu irmão Bailey, foram criados pela avó e um tio, no sul dos Estados Unidos, num período em que a segregação racial estava no seu auge. Entre os anos de 1930 e 1940, eles crescem num mercado, em meio à depoimentos e relatos dos trabalhadores escravos dos campos de algodão. Ela, encontra nos livros um refúgio e conta com o amor da família, principalmente do irmão, para enfrentar e superar as dificuldades do seu cotidiano. Com pais separados, ao morar um tempo com a mãe, aos oito anos, foi abusada sexualmente pelo padrasto e tem mais um obstáculo à vencer além do preconceito. A dor e o trauma de um estupro...

“E aí veio a dor. Uma invasão indesejada em que até os sentidos são destruídos. O ato de estupro em um corpo de oito anos é questão da agulha deixar o camelo passar pelo seu buraco por não ter outra opção”.

Nunca esqueceu o fato, mas lutou pela sua superação, lutou por uma vida mais digna, pois não concordava e não entendia o preconceito racial que sofriam os negros e a dura realidade que lhes era imposta.

“Era horrível ser negra e não ter controle sobre a minha vida. Era brutal ser jovem e já estar treinada para ficar sentada em silêncio ouvindo as acusações feitas contra minha cor sem chance de defesa”.

A leitura é dolorida e nos faz respirar fundo por várias vezes para poder continuar, mas ao mesmo tempo é libertadora e nos faz acreditar na força de um ideal, na certeza da luta e da resistência diante de uma situação injusta e do crescimento pessoal de uma mulher negra numa sociedade tão desigual.

Se crescer é doloroso para uma garota negra sulista, ter noção de seu deslocamento é o enferrujado da lâmina que ameaça a garganta. É um insulto desnecessário”




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