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Michele Cas

O Sonho de Wadjda


Enquanto não podemos realizar nossas sessões, vamos indicando filmes pra vocês poderem ver nesses dias malucos pelos quais estamos passando. E pra deixar o coração quentinho, a indicação de hoje é um filme belíssimo que vem lá “das arábias”. O Sonho de Wadjda é um filme saudita que conta a história de uma garota cujo sonho é ter uma bicicleta. Um sonho razoavelmente fácil de se realizar não fosse o fato de as mulheres serem proibidas de andar de bicicleta na Arábia Saudita. Essa é uma entre as várias proibições que as mulheres enfrentam no país e o filme, de uma maneira poética nos faz refletir sobre questões relacionadas à papéis de gênero, feminismo e sororidade (e a falta da mesma também).



Isso só já é motivo suficiente pra assistir, afinal como costumamos falar nas sessões do cineclube: “existem assuntos que precisam ser discutidos” e a condição da mulher no mundo atual é um deles. Porém, gostaria de apontar outros motivos pra você não deixar de assistir O Sonho de Wadjda:

  • É dirigido por uma mulher. Quantos filmes dirigidos por uma mulher você já viu? Se nenhum, tá aí uma boa oportunidade. Além disso, é uma mulher saudita abordando com propriedade o que é ser mulher num país no qual as mulheres são proibidas de fazer coisas simples, como andar de bicicleta.

  • É o filme de estreia da diretora Haifaa Al Mansour e pode-se dizer que ela começou muito bem, pois o filme ganhou alguns prêmios, entre eles o Prêmio Interfilme do Festival de Veneza.

  • É um filme da Arábia Saudita. Quantos filmes sauditas você já viu?Provavelmente nenhum, porque O Sonho de Wadjda é o primeiro filme feito inteiramente no país, o que representa mais um motivo pra você assistir.

É muito interessante o fato de que, num país no qual tentam calar as mulheres de todas as maneiras possíveis, o primeiro filme tenha sido dirigido por uma mulher. Não sei vocês, mas eu acho uma vitória. Isso revela muito sobre a personalidade da diretora também. Devido as leis do país, ela não podia interagir com a parte masculina de sua equipe em público. Por isso, as cenas externas foram dirigidas por ela de uma van, de onde ela via as cenas em um monitor e ia dando as instruções por um walkie talkie. Mesmo com todas essas restrições, ela conseguiu produzir seu filme.


Vemos muito da resistência de Haifaa em Wadjda, que diante da negativa de seus pais, não desanima e vê em um concurso na sua escola a possibilidade de comprar sua bicicleta, usando o dinheiro do prêmio.


E aí, será que a Wadjda conseguiu a bicicleta? Só vendo o filme pra saber! Ele faz parte do acervo do Cineclube Gengibirra e assim que as coisas voltarem ao normal, você pode emprestá-lo. Se você não quiser esperar até lá, é possível encontrá-lo em algumas plataformas de streaming.

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