A vida pesa, e pesa fundo,
como uma pedra no peito que não desgruda,
um sufoco, um grito preso,
e cada rosto amigo, que vejo,
é só mais um espelho da dor,
uma dor tão densa que engole o ar,
deixa tudo abafado,
um silêncio que grita.
Eu olho pro lado e o sorriso está trincado,
os olhos baixos, corpos curvados,
e o que faço?
Nada. Absolutamente nada.
Eu quero, eu tento,
mas minhas mãos estão atadas,
meu coração se despedaça
toda vez que os vejo caindo,
e eu, só assistindo, impotente,
preso num ciclo de angústia.
Manter a alma leve, ser criança por dentro,
um sonho tão distante,
cada dia uma queda mais funda,
e a juventude do espírito
não serve pra barrar o mundo,
que empurra e machuca,
e que rasga o amanhã,
tornando difícil sequer desejar o próximo dia.
É um fardo.
Um fardo que me corrói devagar,
como ferrugem num metal que era forte,
mas que agora vai cedendo, enfraquecendo.
A esperança, aquela centelha que dizem que nunca morre,
ela está fraca, tremeluzindo, quase sumindo.
Eu queria não sentir.
Queria não me importar tanto,
mas a dor dos outros é minha dor,
e me despedaça ver que o mundo gira em falso,
e que o amanhã, aquele que deveria ser promissor,
não passa de um eco vazio,
um chamado ao nada.
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