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O Eco da Solidão

Atualizado: 12 de out. de 2023

Havia uma rua silenciosa na pequena cidade que, mesmo banhada pela luz do sol, parecia estar mergulhada em uma eterna penumbra. Era ali que Dona Elisa vivia, envelhecendo junto com a casa de paredes desbotadas e cortinas gastas. Seu semblante melancólico revelava a tristeza que a acompanhava há anos. Ela era o retrato da solidão.

Dona Elisa não sabia como a solidão se instalara tão profundamente em seu peito. Ao recordar o passado, uma sensação de vazio se apoderava dela. As memórias de risadas compartilhadas com amigos queridos e abraços carinhosos dos entes queridos pareciam se dissipar, como se o eco do passado tivesse desvanecido.

O relógio na parede marcava os minutos lentos, e o tiquetaquear constante parecia acentuar a solidão. No jardim de sua casa, rosas murchas enfeitavam um lugar que antes era colorido e cheio de vida. Era como se o mundo lá fora estivesse em constante movimento, mas a vida de Dona Elisa estivesse congelada na angústia.

Ao caminhar pelas ruas, ela observava as pessoas passando apressadas, com olhares ocupados e almas aflitas. Mas ninguém parecia notar a senhora encurvada pelo peso da. O desespero de se sentir invisível doía em seu coração, como se a presença dela fosse apenas um borrão pálido na tela colorida do mundo.

As noites eram as piores. O silêncio se transformava em um grito ensurdecedor dentro dela, e as sombras das lembranças dançavam em torno de seus pensamentos. Dona Elisa recordava dos bailes de outrora, onde suas mãos eram seguradas com ternura por um amor que já não estava mais ao seu lado. E ela se perguntava: por que a vida tinha que ser tão implacável?

Numa dessas noites, Dona Elisa decidiu abrir uma caixa empoeirada no sótão. Lá estavam as cartas amareladas pelo tempo, as fotografias desbotadas e os bilhetes que havia guardado com tanto cuidado. Eram as evidências de que sua existência um dia foi preenchida com conexões reais e significativas.

Enquanto folheava aquelas lembranças, lágrimas rolavam por suas rugas, lavando as feridas invisíveis da alma. O passado ganhava vida, mas a dura realidade do presente era mais pesada do que nunca. O desespero da solidão a consumia, como se ela fosse uma ilha perdida no oceano do mundo, sem ninguém para compartilhar seus pensamentos e sentimentos.

Dona Elisa compreendia que a solidão não era apenas a ausência física de outros, mas a sensação de não ser compreendida e amada pelo mundo ao seu redor. Era como se ela estivesse trancada em um labirinto de emoções, onde cada caminho levava ao mesmo lugar: o desespero silencioso da solidão.

A madrugada chegava, e Dona Elisa permanecia olhando pela janela, ansiando por alguém para lhe tirar daquela letargia emocional. Mas o silêncio permanecia inabalável, e o eco de sua solidão parecia reverberar infinitamente.

E assim, Dona Elisa seguia sua jornada solitária, em meio a uma multidão de rostos desconhecidos. No entanto, ela ainda nutria uma pequena esperança de que um dia o eco da solidão seria substituído por risos alegres e abraços afetuosos. Até lá, ela carregava consigo o peso da solidão, um fardo invisível, mas presente em cada batida melancólica de seu coração.



Este texto é de responsabilidade do autor/da autora.

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